17 janeiro 2011

Repórter da Record passa noite no abrigo de Teresópolis

Paula Moraes relata o drama de quem perdeu tudo

Logo na entrada, voluntários fazem a triagem dos que chegam.
Cerca de 350 famílias se abrigam no ginásio Pedro Jahara, em Teresópolis, na região serrana, Estado do Rio de Janeiro. Idosos, adultos e crianças dividem o mesmo espaço. Pessoas desconhecidas, mas unidas pela mesma dor.

A repórter da Rede Record, Paula Moraes, vai equipada com travesseiro e cobertor para passar uma noite na quadra.

Mesmo após a meia noite, Paula encontra o pintor Luan Silva e a técnica de enfermagem, Fernanda Vieira acordados. Eles estão de casamento marcado para o próximo fim de semana, mas a casa onde iam morar foi totalmente destruída.

- A gente fica preocupado, já compramos tudo e mesmo que a gente consiga uma outra casa pelo centro, não vamos ter com tirar tudo de lá, porque não tem como ir de carro para tirar.

O casal e outras centenas de famílias contam com a ajuda de voluntários, gente que vem de perto e de longe. O engenheiro químico Valter Passos, é de Belém do Pará, localizado a mais de três mil quilômetros de Teresópolis. Ele ficou sensibilizado com as drama das vítimas do maior desastre climático do Brasil.

- Meu coração bateu forte. Eu não tive mais condições de ficar assistindo televisão, vendo famílias que perderam oito, dez parentes. Essas famílias já são pobres de natureza, a maioria delas. Imagina agora, o pouquinho que eles tinham e agora perder tudo.

Às três horas da manhã, a equipe não tem mais autorização para manter as luzes do equipamento acesas. Então o que resta é esperar o dia amanhecer para buscar novas histórias.

Três horas mais tarde, as pessoas aos poucos levantam e começam a arrumar as coisas. Paula então percebe o olhar dos desabrigados.



- O que a gente vê no rosto dessas pessoas, principalmente agora, no momento que acordam, é que elas estão pensativas, elas ficam olhando para essa realidade, eu acho que até tentando buscar respostas para o que aconteceu. São pessoas com o sofrimento estampado no rosto. Pessoas que não têm para onde ir essa é a realidade daqui para frente.

Pão leite, café e fruta são servidos na primeira refeição do dia. Mesmo com o bom tratamento é difícil superar o que aconteceu. A dona de casa Sueli da Conceição busca forças na fé.

- A gente tinha a casa da gente tinha tudo da gente a gora perder tudo e depender dos outros é muito difícil. Deus que dê força para a gente seguir em frente. Desejo que a gente consiga uma casa para morar.

No meio de tanta dificuldade, o sentimento de esperança prevalece. Como para o pedreiro Sandro Pimentel.

- Nós estamos vivos não é? O importante é isso, casa a gente constrói outra.

Sonhos que a tragédia não foi capaz de destruir.
Tragédia das chuvas

O forte temporal que atingiu o Estado do Rio de Janeiro na terça-feira (11) deixou centenas de mortos e
milhares de sobreviventes desabrigados e desalojados, principalmente na região serrana.

As cidades de Nova Friburgo, Teresópolis, Petrópolis, Sumidouro e São José do Vale do Rio Preto foram as mais afetadas. Serviços como água, luz e telefone foram interrompidos, estradas foram interditadas, pontes caíram e bairros ficaram isolados. Equipes de resgates ainda enfrentam dificuldades para chegar a alguns locais.

O governo federal, o Estado e as prefeituras se mobilizam para liberar verbas. Empresas públicas e privadas, além de ONGs (Organizações Não Governamentais), recebem doações.

Os corpos identificados e liberados pelo IML (Instituto Médico Legal) começaram a ser enterrados quinta-feira (13).
Hospitais estão lotados de feridos. Médicos apelam por doação de sangue e remédios. Os próximos dias prometem
ser de muito trabalho e expectativa pelo resgate de mais sobreviventes.
Veja a galeria de fotos

Saiba como ajudar as vítimas

Fonte: R7.com

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